Auto Press
A JAC Motors prega em suas propagandas que a chegada dos seus veículos – e sua proposta – no mercado brasileiro foi inesperada. Marketing a parte, a marca realmente fez um certo “barulho” com os compactos J3 e J3 Turin. Mas o fato é que o novo modelo que a fabricante chinesa escolheu para o Brasil realmente parece fugir um pouco da tendência dos últimos lançamentos do segmento. É o J6, uma minivan média com opção de levar cinco ou sete passageiros com preços a partir de R$ 58.800, chegando a R$ 59.800 para a versão Diamond, com sete assentos. A aposta é ousada, já que o segmento de veículos familiares começa a perder espaço para os crossovers – carros que misturam o espaço da minivan com o porte dos SUVs.
Graças a isso, pelo menos, a JAC não conta com muitos concorrentes. Na mesma faixa de preço, apenas a já antiga Chevrolet Zafira rivaliza com o automóvel chinês, partindo de R$ 60.891. Outro carro do mesmo segmento é a Nissan Livina – e a versão maior, Grand Livina. Mas o preço base de R$ 43.990 do Nissan mostra que o automóvel chinês já não conta com uma boa relação custo/benefício como principal arma para angariar vendas. Mesmo assim, o presidente da JAC no Brasil, Sérgio Habib, acredita que consiga vender entre mil e 1.500 unidades por mês. A título de comparação, a minivan da Nissan vendeu 1.200 carros em junho, enquanto que a Chevrolet beirou as 900 unidades.
O J6 também quebra outro paradigma de grande parte dos carros chineses no Brasil: ele vem com opcionais. São eles as rodas de 17 polegadas por R$ 1.600, os bancos de couro, por R$ 1.400 – R$ 1.600 para o de sete lugares – e a pintura metálica, por R$ 1.190. Como itens de série, a minivan já conta com ar-condicionado digital, direção hidráulica, ABS com EBD, airbag duplo, faróis de neblina, sensor de estacionamento, retrovisor interno eletrocrômico, trio elétrico, banco do motorista com regulagem em altura, rádio com CD/USB e comandos no volante.
Visualmente, o J6 é um carro que chama mais atenção que os compactos J3 e J3 Turin – e não apenas pelo porte mais avantajado. A dianteira traz design similar aos modelos menores, com uma linha curva formada pelos faróis e pelo para-choque proeminente. A minivan também conta com uma grade com um friso cromado, para tentar dar um aspecto de requinte. Na lateral, um vinco surge no meio da porta dianteira, vai subindo e termina nas lanternas traseiras. E elas, com seu formato triangular, tomam grande parte do espaço posterior.
Na parte mecânica, a JAC afirma que adaptou o carro para o Brasil com o gosto do consumidor local em mente. A fabricante diz que rodou um milhão de quilômetros para adaptar o modelo para cá. Por isso, em relação ao veículo comercializado na China, até o propulsor foi modificado. Saiu de cena um 1.8 para entrar o 2.0 16V com comando variável de válvulas. Ele aceita apenas gasolina e desenvolve 136 cv a 5.500 rpm e 19,1 kgfm de torque a 4 mil rotações. A transmissão é manual de cinco marchas. A suspensão também foi recalibrada, ficando mais rígida. Adaptações de quem começa a conhecer as sutilezas do mercado nacional.
Ficha técnica
JAC J6
Motor: Dianteiro, transversal, 1.997 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando variável de válvulas. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 136 cv a 5.500 rpm
Torque máximo: 19,1 kgfm a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso: 85 mm X 88 mm. Taxa de compressão: 10:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira com braços duplo e molas helicoidais.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS.
Pneus: 205/55 16’’ em rodas de liga leve.
Carroceria: Minivan em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,55 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,66 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais.
Peso: 1.500 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 720 litros ou 2.200 com os bancos traseiros rebatidos.
Tanque de combustível: 68 litros.
Produção: Hefei, China.
Lançamento no Brasil: 2011.
Primeiras impressões
A conquista do espaço
por Eduardo Rocha
Auto Press
A JAC aposta que o J6 pode ir na contramão do declínio das minivans no mercado brasileiro – situação que teria sido criada por obra das próprias marcas pela falta de renovação dos modelos ou pelo preço despropositado das novidades. Para reconquistar este público, a estratégia é a mesma utilizada para a linha compacta J3: custo/benefício favorável e dimensões generosas para o segmento. Espaço é uma questão crucial, tanto em relação ao segmento de compactos, como o J3, quanto no de modelos familiares, como o J6.
Como em toda argumentação, a defesa é sempre da tese que mais favorece o criador do argumento. Ou seja: o J6 é realmente espaçoso. E esse é sua principal virtude. O ótimo espaço longitudinal consegue sustentar com certa dignidade os sete lugares da versão Diamond – e sobra até uma pequena área para as malas. Com cinco lugares – na verdade, o mesmo carro com dois assentos a menos –, o porta-malas é grande de verdade, com 720 litros.
A dimensão do conforto é a vocação principal da minivan chinesa, já que o desempenho e o comportamento dinâmico do J6 não são capazes de impressionar muito. São, no máximo, corretos. O torque chega muito tarde – 4.500 giros – e, para ganhar algum vigor, é preciso elevar demais o giros. Isso faz o barulho do motor invadir com vontade o habitáculo e a promessa de conforto começa a desandar.
Nos trechos sinuosos, o J6 também rola mais do que seria desejável. Outro ponto que o carro chinês mostra uma certa fraqueza é no acabamento. Ou mais especificamente, nos materiais utilizados nos revestimentos. São plásticos duros, de aspecto rústico, aceitáveis em compactos, mas não em modelos médios – mesmo que tenham um preço atraente e um design moderno e sedutor.
Graças a isso, pelo menos, a JAC não conta com muitos concorrentes. Na mesma faixa de preço, apenas a já antiga Chevrolet Zafira rivaliza com o automóvel chinês, partindo de R$ 60.891. Outro carro do mesmo segmento é a Nissan Livina – e a versão maior, Grand Livina. Mas o preço base de R$ 43.990 do Nissan mostra que o automóvel chinês já não conta com uma boa relação custo/benefício como principal arma para angariar vendas. Mesmo assim, o presidente da JAC no Brasil, Sérgio Habib, acredita que consiga vender entre mil e 1.500 unidades por mês. A título de comparação, a minivan da Nissan vendeu 1.200 carros em junho, enquanto que a Chevrolet beirou as 900 unidades.
O J6 também quebra outro paradigma de grande parte dos carros chineses no Brasil: ele vem com opcionais. São eles as rodas de 17 polegadas por R$ 1.600, os bancos de couro, por R$ 1.400 – R$ 1.600 para o de sete lugares – e a pintura metálica, por R$ 1.190. Como itens de série, a minivan já conta com ar-condicionado digital, direção hidráulica, ABS com EBD, airbag duplo, faróis de neblina, sensor de estacionamento, retrovisor interno eletrocrômico, trio elétrico, banco do motorista com regulagem em altura, rádio com CD/USB e comandos no volante.
Visualmente, o J6 é um carro que chama mais atenção que os compactos J3 e J3 Turin – e não apenas pelo porte mais avantajado. A dianteira traz design similar aos modelos menores, com uma linha curva formada pelos faróis e pelo para-choque proeminente. A minivan também conta com uma grade com um friso cromado, para tentar dar um aspecto de requinte. Na lateral, um vinco surge no meio da porta dianteira, vai subindo e termina nas lanternas traseiras. E elas, com seu formato triangular, tomam grande parte do espaço posterior.
Na parte mecânica, a JAC afirma que adaptou o carro para o Brasil com o gosto do consumidor local em mente. A fabricante diz que rodou um milhão de quilômetros para adaptar o modelo para cá. Por isso, em relação ao veículo comercializado na China, até o propulsor foi modificado. Saiu de cena um 1.8 para entrar o 2.0 16V com comando variável de válvulas. Ele aceita apenas gasolina e desenvolve 136 cv a 5.500 rpm e 19,1 kgfm de torque a 4 mil rotações. A transmissão é manual de cinco marchas. A suspensão também foi recalibrada, ficando mais rígida. Adaptações de quem começa a conhecer as sutilezas do mercado nacional.
Ficha técnica
JAC J6
Motor: Dianteiro, transversal, 1.997 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando variável de válvulas. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 136 cv a 5.500 rpm
Torque máximo: 19,1 kgfm a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso: 85 mm X 88 mm. Taxa de compressão: 10:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira com braços duplo e molas helicoidais.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS.
Pneus: 205/55 16’’ em rodas de liga leve.
Carroceria: Minivan em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,55 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,66 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais.
Peso: 1.500 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 720 litros ou 2.200 com os bancos traseiros rebatidos.
Tanque de combustível: 68 litros.
Produção: Hefei, China.
Lançamento no Brasil: 2011.
Primeiras impressões
A conquista do espaço
por Eduardo Rocha
Auto Press
A JAC aposta que o J6 pode ir na contramão do declínio das minivans no mercado brasileiro – situação que teria sido criada por obra das próprias marcas pela falta de renovação dos modelos ou pelo preço despropositado das novidades. Para reconquistar este público, a estratégia é a mesma utilizada para a linha compacta J3: custo/benefício favorável e dimensões generosas para o segmento. Espaço é uma questão crucial, tanto em relação ao segmento de compactos, como o J3, quanto no de modelos familiares, como o J6.
Como em toda argumentação, a defesa é sempre da tese que mais favorece o criador do argumento. Ou seja: o J6 é realmente espaçoso. E esse é sua principal virtude. O ótimo espaço longitudinal consegue sustentar com certa dignidade os sete lugares da versão Diamond – e sobra até uma pequena área para as malas. Com cinco lugares – na verdade, o mesmo carro com dois assentos a menos –, o porta-malas é grande de verdade, com 720 litros.
A dimensão do conforto é a vocação principal da minivan chinesa, já que o desempenho e o comportamento dinâmico do J6 não são capazes de impressionar muito. São, no máximo, corretos. O torque chega muito tarde – 4.500 giros – e, para ganhar algum vigor, é preciso elevar demais o giros. Isso faz o barulho do motor invadir com vontade o habitáculo e a promessa de conforto começa a desandar.
Nos trechos sinuosos, o J6 também rola mais do que seria desejável. Outro ponto que o carro chinês mostra uma certa fraqueza é no acabamento. Ou mais especificamente, nos materiais utilizados nos revestimentos. São plásticos duros, de aspecto rústico, aceitáveis em compactos, mas não em modelos médios – mesmo que tenham um preço atraente e um design moderno e sedutor.
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