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Friday, October 14, 2011

BMW mostra projeto de fábrica e pede mudança no IPI

CÉLIA FROUFE/ BRASÍLIA, CLEIDE SILVA/ SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo


O presidente da BMW do Brasil, Henning Dornbusch, solicitou ontem ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Fernando Pimentel, uma reavaliação do aumento de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros que não apresentarem 65% de conteúdo nacional. A marca importa modelos de luxo e estuda construir uma fábrica no País.
Dornbusch afirmou que o projeto da nova fábrica ainda está sendo avaliado pelo grupo alemão, mas adiantou que as medidas adotadas pelo governo em setembro podem atrapalhar a escolha do Brasil, que disputa o projeto com China, Índia e Rússia.
"O aumento do IPI vai prejudicar o atual volume de vendas, pois os preços dos carros vão subir, e pode afetar investimentos em expansão de rede e contratações", disse o executivo.
O anúncio do país escolhido deverá ocorrer até novembro. Se for o Brasil, há "cinco ou seis Estados" na disputa para receber a fábrica, entre os quais São Paulo. Dornbusch vê mais de 50% de chances de o Brasil ser o eleito.
Assim como ocorreu em outros casos, a BMW buscará a melhor oportunidade gerada pela guerra fiscal existente entre os Estados brasileiros. Dessa forma, quem oferecer mais subsídios tributários deverá receber a nova planta.
Flexibilização. De acordo com a assessoria de imprensa do Mdic, Pimentel não se comprometeu com a solicitação da BMW - também feita por outras empresas, como a chinesa JAC -, porque a decisão precisa ser tomada em conjunto com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Ele repetiu ao executivo o que vem falando nos últimos dias: que o governo está disposto a conversar com as empresas que pretendem investir no Brasil. Há, assim, possibilidade de flexibilização para casos específicos.
Segundo o Mdic, a BMW apresentou a Pimentel dados do setor e do investimento que pretende fazer no País, como quantidade de recursos a serem aplicados na nova fábrica, estimativa de produção de automóveis e geração de empregos, mas esses dados não foram divulgados pela empresa.
Nos últimos meses, seis montadoras anunciaram fábricas no Brasil. Há duas semanas, o presidente mundial da Renault/Nissan, Carlos Ghosn, comunicou à presidente Dilma Rousseff a construção de uma nova fábrica em Resende (RJ), com aportes de R$ 2,6 bilhões. Também informou sobre investimento extra de R$ 500 milhões na ampliação da fábrica do grupo no Paraná.
A chinesa JAC Motors anunciou uma fábrica no polo de Camaçari, na Bahia (R$ 900 milhões). No interior de São Paulo, já está em construção a fábrica da coreana Hyundai (US$ 600 milhões), em Piracicaba. A chinesa Chery iniciará as obras da unidade de US$ 400 milhões em Jacareí (SP) no início de 2012. A também chinesa Great Wall confirmou esta semana projetos para o Brasil, mas não revelou local nem valores.


BMW entrega plano de fábrica ao MDIC



Jörg Henning Dornbusch, Presidente da BMW do Brasil
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) confirmou ter recebido o plano de construção de uma fábrica da BMW no Brasil. A proposta foi entregue pelo presidente da empresa no País, Jörg Henning Dornbusch (foto), em reunião na tarde da quinta-feira, 13, com o ministro Fernando Pimentel. Segundo a assessoria do MDIC, Pimentel prometeu avaliar o plano, mas não deu prazo para resposta. Não foram divulgados detalhes do projeto, como local da fábrica, investimento, capacidade produtiva e empregos gerados. O jornal alemão Handelsblatt publicou na última quarta-feira, 12, que a BMW escolheria São Paulo para instalar sua primeira unidade de produção na América Latina, mas um porta-voz da fabricante alemã negou que a decisão já tivesse sido tomada.

A assessoria da BMW confirmou a visita de Henning a Pimentel, mas não forneceu detalhes sobre os assuntos tratados. Em agosto, o executivo disse que a decisão sobre a fábrica deveria ser anunciada na primeira semana de novembro, ponderando que outros países também estavam na disputa, como o México, onde já existe uma linha de blindagem dos veículos da marca destinados principalmente à exportação.

O plano da BMW era de instalar no Brasil uma unidade de montagem de carros em regime de CKD ou SKD – o Série 1 encabeçava a lista das possibilidades. Contudo, isso foi antes das medidas de proteção contra veículos importados baixadas pelo governo em 15 de setembro passado, com alta de 30 pontos porcentuais na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicada a modelos importados de fora dos países do Mercosul e México, além da obrigação da adoção de atividades industriais locais e exigência mínima de nacionalização de componentes de 65% nos produtos fabricados no País. Depois das restrições, não se sabe como a BMW adaptou seus planos, mas a entrega do projeto ao MDIC demonstra que o interesse na unidade brasileira persiste.

Durante a reunião em Brasília, segundo a assessoria do ministério, Henning questionou o ministro sobre a alta do IPI, mas o executivo não teria colocado a redução do imposto como condição para a construção da fábrica no País.

O ministro Pimentel já havia admitido a possibilidade de flexibilizar o porcentual mínimo de nacionalização dos veículos, estabelecido em 65%, para fabricantes que decidirem produzir no Brasil. A ideia, segundo ele, seria adotar um prazo de adaptação para as novas fábricas.



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